quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A PALAVRA


Com a mesma palavra, dizes horrores, alegrias, desventuras e elogios
Porque, como o cristal adere à luz do Sol e assume cores diversas,
A palavra, largada ao seu critério, diz coisas distintas e imprevisíveis;
Apodera-se de qualquer significado. Ela sabe reivindicar auxílio!

Se a abandonas solta e sem alguém para assessorá-la,
Ela mente, ofende, rouba significados e ganha extensão.
Ela é esperta! Que a mente humana é criativa demais sabe, de antemão.
Basta uma palavra para lhe oferecer sinónimos, desencadear abraços ou violência.

A palavra é como o espelho: reflecte de quem a encara a experiência.
Ela é comprometedora e irrequieta, dai que precise de alguém,
Uma pessoa que lhe assegure o significado estático, confinado à intenção.

Se expões a palavra ao meio ambiente sem protecção,
Ah! O vento das mentes férteis lhe rouba as partículas e as leva para longe;
Longe da intenção e da origem para outros intentos e outras paragens gramaticais.

Sabes, a palavra é nómada que nunca abandona a sua procedência.
Ela apenas adere a curiosidade de quem ousa testa-la fora da residência.
A palavra, não raras vezes, diz ser como a água: é flexível e aventureira.
Conquista formas, muitas e diversas. Aliás, é mais conquistadora que aventureira.

Eis que percorre tempos e espaços diversos até atingir culturas e línguas diversas.
Conquistou a aceitação entre outras palavras de outras línguas e, por vezes, as substituiu;
Como os homens conseguiram entre outros homens reconhecimento e aceitação, e diz:

Se teu esposo te elevar, ganharás outros sem o traíres; mantendo a fidelidade!
Se ele (dono) me reconhece sua, ao meu dono Eu sou fiel.